Belo Horizonte / MG - sexta-feira, 17 de maio de 2024

Depressão

  
Termo comum nos dias atuais, a depressão é um problema freqüente em toda a população. Em geral varia entre 3% a 11%, enquanto que em pacientes internados por alguma doença física este número cresce para cerca de  22 a 33%.

A dificuldade do diagnóstico de depressão está na variação de seus sintomas. Ela pode ser um sintoma que está presente em vários distúrbios emocionais, pode ser uma síndrome traduzida por muitos sintomas somáticos ou pode significar uma doença caracterizada por marcantes alterações afetivas.

Seu reconhecimento seria fácil se aparecesse, em todos os casos, um rebaixamento do humor identificado como tristeza, choro fácil, abatimento, falta de interesse e por tudo aquilo que todos pensamos saber sobre o que uma pessoa deprimida apresenta.
   
Mas a realidade é que existem pessoas muito próximas a nós que estão apresentando um quadro depressivo pouco característico ou mascarado por outros sintomas e que não têm um diagnóstico definido e que, portanto, não estão sendo ajudadas.

Você pode pensar que ajudar um amigo deprimido é estimulá-lo a reagir, distrair-se para superar os sentimentos negativos, mas o que o seu amigo realmente precisa é de ajuda médica. Portanto, procure ouvi-lo com atenção e ajudá-lo a procurar uma orientação médica especializada. Ninguém sabe o que sente uma pessoa deprimida, somente ela pode conhecer seu sofrimento. Não é possível comparar aos momentos difíceis que todos nós passamos na vida.

Os sintomas de depressão são muito variáveis de uma pessoa para outra. Para ajudar no reconhecimento desta patologia tão comum é importante observar três sintomas básicos: sofrimento moral, inibição global e estreitamento vivencial. O que geralmente varia é como estes três sintomas básicos vão se manifestar em cada pessoa alterando sua personalidade. Outro fator importante é o tempo de duração. O paciente deprimido sente-se triste a maior parte do tempo, quase todos os dias, por um período de tempo que dura no mínmo cerca de duas semanas.

Sintomas somáticos (físicos) também podem estar presentes sob a forma de queixas de dores imprecisas e recorrentes, tonturas, cólicas, dificuldade para respirar, aperto no peito, dor de cabeça. Estes pacientes encontram maior facilidade em comunicar seus sentimentos através de queixas físicas do que verbalizar sua aflição e desespero.

Nos pacientes mais jovens, muitas vezes, a depressão se manifesta através da irritabilidade, revolta, inquietação e explosividade. Na criança há uma queda no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentração.

Uma queixa comum dos depressivos é a diminuição da sua produtividade, principalmente nas profissões que exigem intelectualmente mais da pessoa. Com distração e enfraquecimento da memória.

Pensamentos sobre morte são freqüentes nos quadros depressivos. Muitas vezes, pessoas deprimidas relatam uma preferência pela morte a viver do jeito que estão vivendo.

Nos idosos as dificuldades de memória, presentes na depressão, podem ser confundidas com os sinais iniciais de demência. Na realidade, o que o idoso deprimido tem é um grande desinteresse em lembrar fatos e em participar dos eventos cotidianos.

Nas formas leves a depressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade.


Os pacientes são dominados por um profundo sentimento de tristeza imotivada, são incapazes de se livrarem de suas idéias tristes pela simples ação de sua vontade ou dos pensamentos positivos, suas percepções são acompanhadas de uma tonalidade afetiva desagradável. Perdem completamente o interesse pela vida, só se lembram de acontecimentos desagradáveis.

A depressão é mais freqüente nas mulheres, sendo um transtorno recorrente. Aproximadamente 80% dos indivíduos que receberam tratamento para um episódio depressivo terão um segundo episódio ao longo de suas vidas. Ela pode incapacitar uma pessoa.

Os medicamentos antidepressivos são efetivos no tratamento agudo das depressões moderadas e graves, enquanto que nos casos leves não há vantagens em relação ao uso de placebo.

Tipos diferentes de psicoterapias como a cognitiva, a interpessoal e a de solução de problemas são efetivas no tratamento dos episódios depressivos leves a moderados. Principalmente quando os encontros semanais estão presentes nas primeiras 4 a 6 semanas de tratamento.

Os diferentes antidepressivos têm eficácia semelhante para a maioria dos pacientes deprimidos, variando em relação ao seu perfil de efeitos colaterais e potencial de interação com outros medicamentos. A resposta ao tratamento agudo com antidepressivo ocorre entre 2 a 4 semanas após o início do uso, embora alguns pacientes respondam em 6 semanas.

As estratégias utilizadas quando um paciente não responde ao tratamento com medicamento antidepressivo consiste em: aumento de dose; potencialização; associação de antidepressivos; troca de antidepressivo; eletroconvulsoterapia; associação com psicoterapia. Um médico especialista é a melhor pessoa para definir qual a melhor conduta para cada paciente.

A eletroconvulsoterapia (ECT) é o tratamento antidepressivo disponível mais eficaz. No entanto, ele não é utilizada como tratamento inicial para depressão em função de seus efeitos colaterais, necessidade de anestesia geral e estigma social. A proporção de pacientes com depressão maior que respondem à ECT situa-se entre 80% a 90%.

Um terço dos pacientes com episódio depressivo com remissão inicial recaem no primeiro ano. O tratamento antidepressivo de continuação por 6 meses reduz o risco de recaída. Deve ser usada a mesma dose da medicação durante o tratamento agudo e o de manutenção.