Belo Horizonte / MG - sexta-feira, 17 de maio de 2024

Coluna vertebral

   
Este material gráfico é de propriedade da Medical Multimedia Group, podendo ser copiado e distribuído largamente, desde que se lhe dê crédito. Este documento se propõe a explicar o que causa a lombalgia, como ela é diagnosticada e descreve as opções disponíveis de tratamento. Este material não constitui aconselhamento médico. Apenas visa o propósito de informar. Consulte um médico de sua confiança para obter recomendações específicas de tratamento.

Introdução
A dor lombar é de longe o problema número um a acometer a força de trabalho atualmente. É estimado (nos EEUU) um gasto de 80 bilhões de dólares a cada ano, e o custo tende a aumentar. Entre nós o custo não deve ser muito diferente, e é agravado pelas aposentadorias precoces por não haver um programa atuante de reabilitação profissional. Oitenta por cento da população sofrerá de dor lombar em alguma fase de sua vida. Estes episódios ocorrem normalmente entre as idades de 30 e 50 anos, justamente a fase mais produtiva da maioria das pessoas. A maior parte dos episódios de lombalgia são auto-limitados, o que significa que irão melhorar independentemente do tratamento instituído. Mas uma parte significativa destes episódios se tornará crônica, o que significa que não irão melhorar e continuarão a causar desconforto e disfunção indefinidamente.

Lombalgia é um problema crônico comum a muitas pessoas, não importa qual a sua ocupação. Não há um tratamento rápido ou cura total para a maior parte dos problemas da coluna lombar.

Durante muitos anos a sua coluna lombar é submetida a esforços repetidos, os quais podem não resultar em dor de uma forma imediata. Estes pequenos traumatismos se somam e eventualmente resultam em degeneração da coluna e consequentemente em dor lombar. A maior parte das lombalgias são, ao menos parcialmente, devidas a mudanças degenerativas da coluna lombar. Pode haver um traumatismo agudo associado a um episódio de dor em particular, mas a condição geral da coluna lombar é que vai determinar o grau de recuperação ou a possibilidade de se tornar um problema crônico. A meta de qualquer programa de tratamento deve visar a melhoria da condição atual e atenuar a progressão do processo degenerativo. O papel do médico no tratamento da lombalgia deve ser o de identificar os problemas que requeiram uma atenção imediata, e tentar prevenir os problemas crônicos, oferecendo-lhe os meios necessários de prevenir a progressão do problema. A meta dessa apresentação é ajudá-lo(a) a entender um pouco mais sobre o seu problema, ajudando-o(a) a tomar decisões mais acertadas.

Anatomia
A coluna lombar é constituída das cinco últimas vértebras da coluna. Vértebras são os ossos da coluna. Sua função e prover sustentação e proteção à medula espinhal. As facetas articulares permitem as vértebras se interligarem como uma corrente e permitem conecções móveis entre cada vértebra. Como outras articulações do corpo, as facetas podem ser afetadas por artrite. Um disco intervertebral se situa entre duas vértebras. O disco é um ligamento grande, arredondado que conecta duas vértebras. Se olhamos o disco em um corte transversal, notamos que ele é constituído de duas partes:

1- O anel fibroso que é a parte mais forte e responsável pela conecção entre duas vértebras.
2- O núcleo pulposo que é a parte macia e mais interna. Este material com consistência de carne de crustáceo, é responsável pela absorção de choques. As raízes nervosas da coluna lombar carreiam informações entre o cérebro e os membros inferiores. Estão às vezes envolvidas na produção da dor.

Para melhor entender como, nós visualizamos um segmento espinhal. Um segmento espinhal é composto de duas vértebras, o disco intervertebral e de duas raízes nervosas que saem neste nível, uma a cada lado. Note como as facetas articulares se encaixam à cada segmento.

Muitos dos problemas que causam dor lombar são resultados de traumatismos e degeneração do disco intervertebral. Degeneração é o processo de desgaste e rupturas causando deterioração do disco, como uma roupa quando fica velha. O disco é submetido à esforços mecânicos, a cada dia, no desempenho de nossas atividades normais. Se ele é "achatado", vai provocar compressão das raízes nervosas.

As primeiras alterações que ocorrem no disco são as rupturas no anel fibroso, que cicatrizam da mesma forma que em outros ligamentos. Este tecido cicatricial não é tão resistente como o tecido normal. Episódios de traumatismos repetidos iniciam o processo de degeneração. À medida que a degeneração progride, o disco perde o seu teor de água tornando-se rígido e perdendo sua capacidade de absorver de choques. O processo continua até que o disco se "achate". As bordas proeminentes do disco se calcificam formando os osteofitos ( bicos de papagaio ). Estes osteofitos podem eventualmente comprimir os nervos causando dor.

Uma das condições mais dramáticas a acometer a coluna é a herniação do disco. Nesta condição uma ruptura no anel fibroso permite que o núcleo pulposo escape para o canal espinhal comprimindo as raízes nervosas, parcial ou totalmente. Provoca dor, dormência e fraqueza muscular nas áreas supridas por este nervo.

A degeneração do disco pode ainda permitir o deslizamento de uma vértebra sobre outra ( instabilidade segmentar ). Esta condição permite um pinçamento da raiz nervosa na sua saída da coluna ( foramem ). Essa mobilidade vertebral aumentada promove a degeneração das facetas articulares e finalmente, em estágios mais avançados estas facetas degeneradas, calcificadas e hipertrofiadas ( aumentadas ) podem conduzir à um estreitamento do canal espinhal, provocando dor e fraqueza muscular nos membros inferiores.

Sintomas
Agora vamos usar os conhecimentos de anatomia para entender melhor os sintomas da lombalgia.

· Dor do tipo mecânica

· Dor do tipo compressiva

A dor do tipo mecânica resulta de inflamação causada por irritação ou traumatismo do disco, facetas articulares, ligamentos ou músculos da região lombar. Uma causa comum da dor do tipo mecânica é a degeneração do disco. Este tipo de dor se inicia geralmente na região lombar. Esta dor pode ser irradiar para as nádegas e coxas, mas raramente se estendem até abaixo do joelho.

A dor do tipo compressiva ocorre quando uma raiz nervosa, ao sair lateralmente a espinha é pinçada. A causa mais comum é a herniação do disco. Os nervos que saem da coluna lombar se unem e formam o nervo ciático. Este nervo provê a sensibilidade e controla os músculos das pernas. Compressão das raízes nervosas lombares podem interferir com o funcionamento normal do nervo ciático. Um dos primeiros sinais de compressão do nervo é dormência e dor na área suprida por este nervo, usualmente se estendendo até o pé. Às vezes a coluna lombar permanece indolor. Finalmente, os músculos controlados por este nervo se tornam fracos e os reflexos ( testados no consultório médico com um martelinho ) desaparecem. Estenose ( estreitamento ) do canal espinhal pode causar uma dor do tipo compressiva. Em algumas pessoas, o processo degenerativo pode estreitar o canal espinhal onde estão localizados os nervos. Isso causa um acometimento de todos os nervos. Dormência e dor podem acometer então, ambas as pernas. Este quadro piora com o caminhar e melhora com o repouso. Fraqueza muscular de ambas as pernas pode ocorrer então.

Diagnóstico
Como nos avaliamos o seu problema de coluna

A primeira coisa a ser feita é prover o seu médico com uma história completa e detalhada do seu problema. Um médico especializado em problemas da coluna ( normalmente um Neurocirurgião ), terá a maior paciência em ouvir sobre os seus hábitos, ( esportes, ocupação profissional etc.) pois é à partir desses dados, e só assim, que se estabelecerá um diagnóstico e um tratamento eficaz. Após esta fase o seu médico conduzirá um exame físico minucioso. Um RX da coluna lombar será provavelmente solicitado nesta visita inicial.

O RX mostra os ossos da coluna lombar. A maior parte dos tecidos moles como nervos, disco, ligamentos, não são visíveis ao RX. Mas, mesmo assim, é fundamental para avaliar a estrutura óssea, articulações e alinhamento da coluna. O RX é o primeiro passo para avaliar qualquer problema de coluna, e irá ainda orientar sobre a necessidade de exames complementares. Existem muitos exames para ajudar na avaliação de uma lombalgia:

A IRM ( imagem por ressonância magnética ) é um exame frequentemente utilizado para avaliar a causa de uma lombalgia. Imagine se você pudesse cortar a sua coluna fatia por fatia e fotografar cada fatia. É exatamente o que a IRM faz. A IRM usa ondas magnéticas ao invés de radiação. Múltiplas imagens de sua coluna permitem não só a visualização dos ossos, mas também dos discos e nervos.

A TC ( tomografia computadorizada ) utiliza-se dos RX e proporciona imagens similares a IRM. Porém mostra os ossos de uma forma melhor que a IRM. É muito útil quando se suspeita de condições que acometem os ossos.

A ENMG ( eletroneuromiografia ) é um exame que pesquisa a função das raízes nervosas. Este exame é realizado através da inserção de eletrodos muito finos nos músculos das extremidades inferiores. Examinando os sinais elétricos anormais nos músculos,a ENMG pode identificar se um nervo está "inflamado" ou comprimido ao deixar a coluna lombar. Se você liga uma lâmpada à uma tomada e ela acende você presume que o fio está em perfeitas condições. Usando os músculos como lâmpadas a ENMG é capaz de determinar quais são os fios que não estão funcionando.

Uma CO ( cintilografia óssea ) pode ser realizada para determinar uma área afetada da coluna. Para issso é necessário uma injeção de material radioativo na corrente sangüínea. Este material radioativo se cumula em regiões onde a estrutura óssea está anormal por várias razões, inclusive tumores.

Existem muitas causa para a lombalgia e algumas dessas causas podem não estar relacionadas à degeneração da coluna. Exames de sangue podem demonstrar infecções ou artrite. Problemas originados em outras áreas além da coluna podem causar lombalgia. Entre outras causas podemos citar: Aneurisma de aorta, problemas renais, úlceras estomacais, cístos de ovário. Estes problemas são uma amostra de muitos outros que podem se manifestar como lombalgia. Exames específicos para afastar estas possibilidades podem ser sugeridos pelo seu médico, se ele achar necessário.

Tratamento
Opções disponíveis para tratamento.

O tratamento da lombalgia varia desde a constatação de nada há de errado, até uma delicada cirurgia. Cada caso é diferente e o tratamento deve ser individualizado. Os tratamentos pertencem a duas categorias maiores:

1 - Tratamento conservador: Inclui exercícios, medicamentos, fisioterapia, e outras condutas não cirúrgicas.
2 - Tratamento cirúrgico: Inclui remoção da compressão óssea ( Laminectomia ), remoção do material do disco intervertebral herniado, ou até fusão das vértebras instáveis. Não existe um procedimento cirúrgico adequado para todos os problemas possíveis. Se a cirurgia é necessária, ela será planejada para o seu caso em particular. É onde pesa a experiência do cirurgião. A cirurgia se faz necessária em um número pequeno de pacientes.

O Tratamento de qualquer problema de coluna deve atingir duas metas:

1 - Aliviar o problema imediato.
2 - Reduzir o risco de recidiva.

Os exercícios apropriados desempenham um papel importante para se atingir essas duas metas. Os exercícios estimulam os hormônios naturais de controle da dor e condicionam a musculatura para uma melhor estabilização da coluna.

Mas nunca, nunca mesmo, inicie qualquer programa de exercícios sem uma avaliação médica especializada.

Medicamentos
Devem ser usados de forma judiciosa. Alguns medicamentos são altamente aditivos Nenhum analgésico controlará um dor crônica por períodos prolongados. Nenhum medicamento irá curar uma lombalgia de origem degenerativa ou uma hérnia discal. Os medicamentos são usados para um alívio temporário. Se medidas simples falham uma injeção de esteróides no espaço epidural pode ser indicada. Problemas de varias origens podem determinar "inflamação" dos nervos na coluna. Os esteróides são anti-inflamatórios potentes que podem controlar a crise. Este procedimento nem sempre obtém o resultado esperado. A maioria dos especialistas relatam uma taxa de 40%-50% de sucesso.

Este procedimento é reservado para quando o tratamento conservador falha, ou como uma tentativa de adiar o tratamento cirúrgico, quando necessário.


Para maiores informações sobre Nucleotomia, clique aqui.