Belo Horizonte / MG - sexta-feira, 17 de maio de 2024

Café e cafeína

 
No café existem os ácidos clorogênicos, polifenóis com ação antioxidante que no processo de torra forma quinídeos, os quais possuem um potente efeito antagonista opióide. Bloqueiam no sistema límbico o desejo excessivo de auto-gratificação que leva o indivíduo insatisfeito a se deprimir e a consumir drogas como nicotina, álcool e mesmo as drogas ilegais como maconha, cocaína e outras. Adicionalmente o quinídeos inibem a recaptação da adenosina, protegendo contra os efeitos da cafeína nas células nervosas e melhorando a microcirculação. Por isto o consumo regular de até 4 xícaras diárias de café, pode ajudar a prevenir a depressão e suas conseqüências, como o consumo de drogas, conforme estudos científicos modernos no Brasil e no exterior.

O café é uma solução aquosa, que não contém gorduras ou proteínas, sendo destituída de valor calórico, quando não adicionado de açúcar.

A cafeína estimula a vigília, a atenção, a concentração e a capacidade intelectual. E em quantidades moderadas - 400-500 mg/dia ou até 4 xícaras por dia - não é prejudicial à saúde humana, desde a gestação até o final da vida.

A cafeína é uma metilxantina encontrada no café, chá, bebidas que contenham cacau, cola e chocolate e também em alguns medicamentos para dor (analgésicos).

A cafeína é absorvida rapidamente por via oral, atinge o pico plasmático cerca de uma hora após sua ingestão e tem uma meia vida plasmática de 3 a 7 horas. Esta meia vida  aumenta duas vezes nas mulheres durante os últimos estágios de gravidez ou com o uso a longo prazo de anticoncepcionais esteróides orais. Ela é metabolizada no fígado, por desmetilação, portanto, envolvendo o citocromo P450. Seus metabólitos ativos são a paraxantina, a teofilina e a teobromina.

A cafeína é a substância estimulante de maior consumo em todo mundo. Nos Estados Unidos, a ingestão diária é superior a 150mg, o equivalente a 3,5 kg de café por ano. Os países latinos têm tradicionalmente o hábito de tomar café mais concentrado, com maior teor de cafeína, enquanto que os americanos preferem o café mais diluído, de preferência descafeinado.

É bom lembrar que o café possui apenas 1 a 2,5 % de cafeína e diversas outras substâncias em maior quantidade. O grão de café possui minerais como potássio, magnésio, cálcio, sódio, ferro e zinco, entre outros. Também possui aminoácidos, lipídeos, açúcares, vitaminas do complexo B e ácidos clorogênicos.

Alguns estudos apontam a cafeína como um dos responsáveis por aumentar a pressão arterial e o poder de hipertensão de alguns remédios, o que significa que o mais adequado é não fazer uso da cafeína combinada com tratamentos médicos que exijam uso de medicamentos. Esses estudos mostraram ainda que bebidas cafeinadas tomadas sob estresse antes de exames provocavam pressão sistólica sangüínea aumentada em mais de 14 mmHg. O efeito combinado sobre a pressão sanguínea é tão intenso que as pessoas com tendência à hipertensão devem evitar bebidas cafeinadas, dizem os relatórios dos estudos. Além disso, pessoas que vão medir a pressão sangüínea devem evitar tomar cafeína antes.

Estudos mostram uma tendência de risco progressivamente mais baixo para Doença de Parkinson, relacionado ao número de xícaras de café ingeridas por dia. Os pacientes que tomavam café apresentaram um início mais tardio da doença, quando comparado aos que não tomavam.

Um outro estudo, chefiado por Seymour Diamond, da Diamond Headache Clinic, em Chicago e publicados na edição de setembro do Clinical Pharmacology and Therapeutics aprovado pelo médico brasileiro Alexandre Feldman e realizado com 301 pessoas que sofrem de dor de cabeça com freqüência, mostrou que uma dose de cafeína também pode ajudar a tratar a cefaléia comum associada à tensão e atingir resultados ainda melhores se combinada com ibuprofeno. Da população pesquisada, 80% dos que tomaram a combinação da droga e da cafeína verificaram que a dor melhorou significativamente em seis horas, comparados a 67% que tomaram somente a droga e 61% que tomaram somente cafeína. Também observaram melhora neste prazo em 56% dos pesquisados que tomaram apenas placebo, substância inócua.

Os pacientes que receberam ibuprofeno associado à cafeína tiveram um alívio da dor quase uma hora antes dos pacientes que tomaram apenas ibuprofeno. Cabe ressaltar que os pacientes pesquisados apresentavam dores de cabeça associadas à tensão conhecidas como cefaléias episódicas por tensão, de 3 a 15 vezes por mês e que, de acordo com o Dr. Diamond, pessoas com dor de cabeça crônica devem evitar a cafeína, pois, nestes casos, a substância pode acentuar os sintomas.

Não existem dados significativos que confirmem a crença popular de que a cafeína causa insônia ou sono de baixa qualidade. O que se sabe é que o estado de alerta buscado na cafeína pode ser obtido através de uma caminhada ou de exercícios, os quais facilitam um bom sono e conseqüente melhor estado de alerta na manhã seguinte.


Níveis de cafeína por volume
Café Expresso (2 xícaras) 250 a 330 mg
Café descafeinado 1 - 5 mg
Café preparado por decantação 40 - 170 mg
Café preparado por gotejamento 60 - 180 mg
Café solúvel 30 - 120 mg
Chá preparado 20 - 110 mg
Chá instantâneo 25 - 50 mg
Chocolate 2 - 20 mg
Coca Cola 45 mg
Diet Coke 45 mg
Pepsi Cola 40 mg
Refrigerantes diversos 2 - 20 mg
Medicamentos analgésicos 30 - 200 mg
Remédios para resfriados 30 - 100 mg


Em doses muito elevadas a cafeína pode provocar a liberação espontânea de íons cálcio dentro do músculo, desencadeando pequenos tremores involuntários, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca.

A cafeína possui dois efeitos importantes no sistema respiratório. Ela estimula os neurônios do centro respiratório do cérebro proporcionando um aumento discreto da freqüência e a intensidade da respiração, juntamente com um efeito local nos brônquios, produzindo um satisfatório efeito broncodilatador. Essas propriedades sugerem benefícios no consumo regular de cafeína por pacientes asmáticos. 

A ingesta aguda de cafeína produz um moderado aumento no volume de urina e na excreção urinária de sódio, diminuindo a reabsorção de sódio e de água nos túbulos renais. Assim sendo ela tem algum efeito diurético que pode ser útil no alívio de cólicas menstruais (dismenorréia) produzidas pela retenção de líquidos. Esse efeito de alívio na dismenorréia é realçado pelos efeitos analgésicos da substância. 

A cafeína estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico e da enzima pepsina no ser humano, em doses a partir de 250 mg (duas xícaras de café forte), por isso é contra-indicada em pacientes com úlcera digestiva. Entretanto, em pessoas sem nenhuma patologia digestiva a cafeína não tem sido associada a um maior risco de úlcera péptica. Essa associação ainda não foi definitivamente investigada e esclarecida através de pesquisas clínicas convincentes. 

Uma das aplicações terapêuticas na medicina é o uso da cafeína para o tratamento da apnéia respiratória neonatal.